Nas últimas negociações da sexta‑feira, 17 de outubro de 2025, os mercados acionários da China continental e de Hong Kong sofreram queda semanal mais acentuada desde o início de abril deste ano, refletindo o clima de incerteza que paira sobre as relações comerciais entre Pequim e Washington.
O índice de Xangai recuou 1,95% ao fechar, enquanto o CSI300 — que agrega as maiores empresas listadas em Xangai e Shenzhen — despencou 2,26%. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 2,48%, equivalente a 462 pontos, encerrando a quinta sessão consecutiva de perdas e marcando a maior retração de duas semanas.
No acumulado da semana, o CSI300 caiu mais de 2,0% e o Hang Seng acumula baixa de 4,0%, números que nem mesmo a volatilidade dos mercados de 2020 se aproximam. A última vez que esses índices registraram quedas tão expressivas foi em abril de 2025, quando as tarifas impostas pelo então presidente dos Estados Unidos Donald J. Trump infligiram pressão sobre o comércio global.
Contexto macroeconômico e política de exportação
O que acabou de provocar essa reviravolta não foi um único evento, mas um conjunto de fatores que se reforçam mutuamente. Primeiro, a China intensificou seus controles sobre a exportação de terras raras — componentes críticos para a produção de semicondutores — e apertou ainda mais as restrições à importação de chips dos EUA, numa tentativa clara de reduzir a dependência de tecnologia americana.
Essas medidas foram recebidas com nervosismo pelos investidores internacionais, sobretudo porque coincidem com a temporada de resultados de empresas de alta tecnologia, muitas das quais já enfrentavam pressão para realizar lucros após a forte alta das ações de IA ao longo de 2024.
Desempenho setorial: tecnologia e consumo lideram a queda
Em Hong Kong, o setor de tecnologia liderou a descida, registrando perdas superiores a 3,0%. Entre os perdedores mais emblemáticos estão:
- Zhaojin Mining (-7,4%)
- Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) (-7,2%)
- China Hongqiao Group Limited (-5,9%)
- Kuaishou Technology (-5,4%)
- Tencent Holdings Limited (-3,6%)
O segmento de consumo também sofreu, com queda média de 2,7%, reflexo de um enfraquecimento na confiança do consumidor chinês, que tem apresentado sinais de estagnação desde o terceiro trimestre de 2025.
Reações de analistas e instituições financeiras
Analistas do banco suíço UBS Group AG enviaram, na manhã de 17 de outubro, um alerta a clientes ressaltando que “o sentimento dos investidores mudou amplamente à medida que o mercado se torna volátil, com a maioria no modo de esperar para ver em meio a altos e baixos políticos”.
Ao mesmo tempo, o Banco Popular da China manteve a taxa de juros de referência para empréstimos a um ano em 3,0% — o quinto mês consecutivo —, sinalizando que o banco central ainda prioriza a estabilidade cambial frente a pressões externas.
Impactos regionais e outras bolsas asiáticas
O efeito cascata não ficou restrito à China e Hong Kong. Em Cingapura, o Straits Times Index recuou 0,81%, fechando em 4.320 pontos. Na Austrália, o S&P/ASX 200 também caiu 0,81%, terminando a sessão em 8.995 pontos.
Mesmo com o cenário desfavorável, alguns analistas apontam para um amortecedor: as apostas ainda vigentes em um corte de juros do Federal Reserve (Fed) no final de outubro, que poderia reanimar os mercados de risco.
Expectativas geopolíticas: encontro Trump‑Xi e futuro da negociação
Num tom quase cinematográfico, está agendada na próxima semana (21‑25 de outubro de 2025) a primeira reunião de alto nível entre o presidente dos EUA Donald J. Trump e o presidente chinês Xi Jinping. O evento, que ainda não tem data exata, será registrado como Cúpula EUA‑ChinaWashington D.C.. Embora a retórica tenha sido menos agressiva, nenhuma mudança concreta nas tarifas foi anunciada, deixando investidores em suspense.
A expectativa de uma possível détente tem, porém, um efeito temporário. Enquanto a notícia circular, ativos de risco — como ações de tecnologia — ainda enfrentam fortes forças de venda, impulsionadas pela realização de lucros após a corrida ao ouro da IA em 2024‑2025.
Perspectivas para o futuro próximo
Olhar adiante significa considerar duas linhas de força: a política e a monetária. No plano político, a reunião Trump‑Xi pode abrir caminho para um arrefecimento das sanções de tecnologia, mas tudo depende da disposição de Washington em rever pesos‑pesados como as restrições aos chips da Nvidia.
No plano monetário, o Fed ainda indica um corte de juros, o que poderia reforçar o dólar americano e aliviar a pressão sobre os mercados emergentes. Enquanto isso, o Real brasileiro, apesar de permanecer em torno de R$ 5,40, sinaliza certa estabilidade alimentada por uma política fiscal mais rígida.
Em resumo, os investidores devem se preparar para mais volatilidade nas próximas semanas, equilibrando estratégias de curto prazo com uma visão de médio prazo que leve em conta possíveis retomadas nas negociações comerciais.
Principais números da semana
- Hang Seng: -2,48% (‑462 pontos) → queda acumulada de 4,0%.
- CSI300: -2,26% → queda acumulada de mais de 2,0%.
- SMIC: -7,2%.
- Taxa de juros do Banco Popular da China: 3,0% (manutenção).
- Expectativa de corte de juros do Fed: início de novembro de 2025.
Perguntas Frequentes
Como a queda das bolsas chinesas afeta investidores brasileiros?
Os fundos de investimento que têm exposição a ações asiáticas podem registrar perdas de até 3% em suas carteiras, o que, por sua vez, pode puxar o desempenho de alguns índices domésticos, como o Ibovespa, para baixo. Porém, a presença de ativos de risco nos portfólios brasileiros ainda é limitada, então o impacto direto costuma ser moderado.
O que motivou a forte desvalorização das ações de tecnologia em Hong Kong?
A combinação de controle mais rígido sobre a exportação de terras raras, restrições à importação de chips americanos e a realização de lucros após a alta explosiva das ações de IA gerou medo de que empresas como SMIC e Tencent não consigam manter margens competitivas, levando investidores a vender em massa.
Qual a importância da reunião entre Donald Trump e Xi Jinping?
A cúpula pode abrir espaço para a diminuição de tarifas e para um diálogo mais aberto sobre tecnologia, o que reduziria a incerteza nos mercados. Mesmo que não haja mudanças imediatas nas políticas, a simples expectativa de cooperação costuma melhorar o humor dos investidores.
O que indica a manutenção da taxa de juros pelo Banco Popular da China?
Manter os juros em 3,0% por cinco meses seguidos sinaliza que a autoridade monetária está focada em preservar a estabilidade cambial e evitar pressões inflacionárias, mesmo com o crescimento do PIB ligeiramente abaixo das expectativas.
Qual a perspectiva para o mercado de imóveis chinês?
Os preços de imóveis caíram 0,41% em setembro de 2025, marcando a 28ª queda mensal consecutiva. A exclusão da China Evergrande Group da bolsa de Hong Kong reforça o clima de apreensão, mas o governo tem anunciado estímulos pontuais para tentar conter a espiral descendente.
Comentários
Bianca Alves
outubro 20, 2025 AT 22:42É inevitável que observadores de alto nível notem a deterioração sistêmica nas bolsas asiáticas; a volatilidade atual reflete, para mim, um conflito de poder que transcende simples indicadores financeiros. 🌐📉
Bruna costa
outubro 25, 2025 AT 20:45Entendo a preocupação geral e sinto que muitos investidores podem se sentir inseguros com esses números, mas é importante manter a calma e analisar os fundamentos antes de tomar decisões precipitadas.
Carlos Eduardo
outubro 30, 2025 AT 18:48O cenário é realmente dramático, como se um véu de incerteza sobrepusesse cada negociação; a pressão sobre as empresas de tecnologia parece um eclipse permanente que não dá trégua.
EVLYN OLIVIA
novembro 4, 2025 AT 16:52Ah, claro, tudo culpa dos “grandes mestres” que conspiram nas sombras; afinal, quem nunca suspeitou que o controle dos metais raros seja apenas fachada para um plano de dominação global?
Andre Pinto
novembro 9, 2025 AT 14:55Essa queda é previsível.
Priscila Galles
novembro 14, 2025 AT 12:58Gente, se voce tem fundo que toca ações chinesas, melhor verifica se ta tudo ok, porque perca pode ser grande. Tente diversificar, ok? :)
Michele Hungria
novembro 19, 2025 AT 11:02Conforme a análise formal dos indicadores, observa‑se uma deterioração notável nos índices, porém, permanecem‑se reservas quanto à profundidade da crise. O comportamento dos mercados demonstra, de forma evidente, certa volatilidade que deve ser monitorada com rigor.
Priscila Araujo
novembro 24, 2025 AT 09:05Mesmo com a queda, confio que o mercado vai se recuperar em breve; cada tempestade tem seu fim e novos horizontes podem surgir para quem mantém a esperança.
Glauce Rodriguez
novembro 29, 2025 AT 07:08É inadmissível que políticas externas de países estrangeiros continuem a minar a soberania econômica nacional; o Brasil deve observar esses movimentos com máxima atenção e defender seus interesses com firmeza.
Daniel Oliveira
dezembro 4, 2025 AT 05:12Primeiro, é crucial reconhecer que o declínio observado nas bolsas chinesas não significa o fim da economia global, embora muitos analistas sensacionalistas gostem de proclamar o contrário. Segundo, ao analisar os números, vemos que o CSI300 recuou quase 2,3%, mas isso ainda está dentro da margem de variação histórica quando confrontado com eventos geopolíticos significativos. Terceiro, a suspensão das exportações de terras raras é, de fato, uma jogada estratégica que pode pressionar os mercados de semicondutores, porém, não podemos ignorar que a demanda por esses componentes tem se mantido robusta em setores críticos como automotivo e energia renovável. Quarto, a reação dos investidores internacionais é compreensível, pois a incerteza sobre o acesso a tecnologias avançadas gera volatilidade de curto prazo, mas a visão de longo prazo deve permanecer focada nos fundamentos das empresas. Quinto, empresas como a SMIC ainda mantêm investimentos substanciais em P&D, o que indica que a capacidade de inovação chinesa continua intacta. Sexto, o ambiente regulatório pode mudar rapidamente; a próxima reunião entre Trump e Xi tem potencial para abrir espaço a novas negociações que suavizem as tensões comerciais. Sétimo, observar que o Hang Seng registrou queda de 2,48% não implica que o setor de consumo está em colapso, mas sim que há uma correção temporária devido à diminuição da confiança do consumidor. Oitavo, a estabilidade da taxa de juros do Banco Popular da China em 3,0% demonstra que as autoridades ainda confiam na política monetária atual para apoiar o crescimento. Nono, o cenário global está em transformação, e os investidores precisam adaptar suas estratégias, considerando tanto os riscos quanto as oportunidades emergentes. Décimo, a expectativa de corte de juros pelo Fed pode trazer alívio ao dólar, mas também pode gerar fluxo de capital para mercados emergentes, incluindo a China. Décimo‑primeiro, a diversificação de portfólio continua sendo a tática mais prudente, já que concentrações excessivas em um único mercado aumentam a exposição ao risco. Décimo‑segundo, os fundos de investimento que têm exposição asiática devem reavaliar sua alocação de ativos, buscando balancear entre risco e retorno. Décimo‑terceiro, a volatilidade atual não deve ser vista como um sinal de desespero, mas como um convite para analisar com maior profundidade as projeções econômicas. Décimo‑quarto, em suma, embora os números pareçam alarmantes, a análise cuidadosa revela que há fundamentos sólidos que podem sustentar a recuperação. Décimo‑quinto, portanto, manter a disciplina de investimento e evitar decisões impulsivas é a melhor estratégia para atravessar esse período de incerteza.