Na noite de domingo, 1º de setembro de 2025, um gol de pênalti de Pablo Ezequiel Vegetti não só deu a vitória ao Club de Regatas Vasco da Gama sobre o Sport Club do Recife por 3 a 2, como também consagrou o atacante argentino como o maior artilheiro do futebol brasileiro em 2025. O jogo, disputado no estádio Recife, foi uma lição de persistência: o Vasco teve menos posse de bola, menos finalizações e ainda assim venceu. E tudo por causa de um homem que, aos 36 anos, está escrevendo a melhor temporada da sua carreira — e talvez a mais impressionante de um estrangeiro na história do campeonato brasileiro.
Um gol que mudou tudo — e o recorde que veio com ele
Quando o árbitro apitou a falta sobre Lucas Freitas na área, ninguém imaginava que aquele pênalti seria o marco de uma nova era. Vegetti, com calma e força, bateu no canto direito, mesmo com o goleiro Gabriel adivinhando o lado. O toque da mão do goleiro não foi suficiente. A bola entrou. E com ela, o 24º gol do argentino em 2025 — superando os 23 que marcou em 2024 e os 20 que fez em 2021 pelo Belgrano, na Argentina. Nada menos que o recorde pessoal mais alto de sua trajetória profissional, que já dura quase duas décadas.
Segundo levantamento do Futvasco e confirmado pelo Gato Mestre, Vegetti está com 24 gols em todas as competições — 14 deles no Brasileirão Série A — enquanto seu principal rival, Germán Cano, do Fluminense Football Club, acumula apenas 19. A diferença é de cinco gols. E com 13 rodadas ainda pela frente, a chance de ele ampliar essa vantagem é real. Isso não é só bom para o Vasco. É histórico.
Nuno Moreira: o parceiro invisível da reviravolta
Se Vegetti é o nome que aparece nos jornais, Nuno Miguel da Silva Moreira é o que faz a máquina funcionar. O português, que chegou ao Vasco em 2023 depois de atuar no FC Famalicão, abriu o placar aos 12 minutos do primeiro tempo. Foi ele quem criou espaço para o segundo gol de Philippe Coutinho — e ainda teve uma assistência crucial na jogada que levou ao pênalti. Com 7 gols e 5 assistências em 36 jogos, ele é o terceiro em assistências da equipe, atrás apenas de Paulo Henrique e Lucas Piton.
“O Nuno não é o centro das atenções, mas é o que mais corre, o que mais pressiona, o que mais liga o time”, disse o analista esportivo Rafael Silva em entrevista à GE Globo. “Sem ele, o Vegetti não teria tantas chances claras.” E isso é o que muitos esquecem: o argentino não é só um finalizador. Ele participou ativamente das três jogadas de gol do Vasco — não só marcou, mas desarmou, desequilibrou e criou.
Um time que vence, mas não convence
O Vasco venceu. Mas não jogou bem. Teve 42% de posse de bola, 8 finalizações contra 15 do Sport, e só 3 no alvo. O técnico Fábio Carille viu sua equipe se defender mais do que atacar, e mesmo assim saiu com os três pontos. “É o tipo de vitória que salva treinadores”, disse o comentarista da ESPN Brasil após o jogo. “Mas não salva o estilo de jogo.”
Carille, que enfrenta pressão desde o início da temporada, agora tem uma folga de três rodadas — mas a crítica continua. O time ainda sofre para dominar jogos, e sua defesa, apesar de ter saído bem contra o Sport, ainda é vulnerável em transições. A vitória foi importante para manter o Vasco na zona de classificação para a Libertadores, mas não resolve os problemas estruturais.
Por que isso importa além do Vasco?
Vegetti não é só um artilheiro. Ele é um símbolo. Um jogador que, após passar por clubes menores na Argentina e no México, chegou ao Brasil aos 35 anos e se transformou na principal arma de um clube histórico. Ele não é um fenômeno da mídia, não tem milhões de seguidores nas redes. Mas tem gols. Muitos gols.
E isso muda o jogo. Enquanto clubes como Flamengo e Palmeiras gastam fortunas em jovens promessas, o Vasco apostou em um veterano com fome. E venceu. Seu exemplo desafia o modelo tradicional de contratação no futebol brasileiro: não precisa ser jovem para ser decisivo. Precisa ser eficiente.
Além disso, seu desempenho coloca o Vasco em uma posição rara: um clube que, mesmo sem grandes investimentos, está entre os líderes da artilharia. Isso atrai olhares de torcedores, patrocinadores e até jogadores que querem fazer parte de algo diferente.
O que vem a seguir?
Com 13 rodadas restantes, Vegetti precisa marcar apenas seis gols para igualar o recorde de artilharia de um único ano no Brasileirão — que pertence a Edmundo, com 30 gols em 1997. Claro, é uma meta distante. Mas não impossível. O Vasco enfrenta o Corinthians em casa, o Atlético-MG fora, e o Grêmio no Maracanã. Em todos esses jogos, ele será a principal ameaça.
E se ele chegar aos 30? Seu nome entrará para a história do futebol brasileiro — não como um jogador de moda, mas como um guerreiro que provou que idade é só um número, e que o coração ainda bate mais forte que qualquer estatística.
Frequently Asked Questions
Quantos gols Vegetti marcou no Brasileirão 2025 até agora?
Até o dia 1º de setembro de 2025, Pablo Vegetti marcou 14 gols no Brasileirão Série A, em 35 jogos disputados pelo Vasco. Esse número o coloca como o quarto artilheiro da competição, mas quando somados os gols em todas as competições — incluindo Copa do Brasil e amistosos — seu total chega a 24, o que o torna o maior artilheiro do futebol brasileiro em 2025.
Quem é o principal rival de Vegetti na artilharia?
O principal rival é Germán Cano, atacante do Fluminense, com 19 gols em 2025. A diferença de cinco gols é significativa, especialmente considerando que Cano jogou 29 partidas, enquanto Vegetti disputou 35. Mesmo assim, o ritmo de Vegetti — em média um gol a cada 1,4 jogo — é mais constante, o que aumenta a possibilidade de ele ampliar a vantagem nas rodadas finais.
Vegetti é o maior artilheiro estrangeiro da história do Brasileirão?
Ainda não. O recorde absoluto pertence a Washington, que marcou 36 gols em 1997. Mas entre estrangeiros que jogaram apenas uma temporada no Brasil, Vegetti está entre os cinco maiores. Se chegar a 30 gols, ele entrará no top 3 de artilheiros estrangeiros em uma única temporada, algo que só aconteceu com poucos nomes, como Dário, Edmundo e, mais recentemente, Gabriel Barbosa.
Por que o Vasco não está jogando melhor, mesmo com Vegetti tão bem?
O Vasco depende demais de Vegetti para criar oportunidades. O meio-campo ainda é frágil, e os laterais não oferecem profundidade constante. Nuno Moreira e Coutinho ajudam, mas o time perde equilíbrio quando o argentino é marcado. A defesa, por sua vez, ainda sofre com erros de marcação em bolas aéreas — um ponto que pode ser fatal contra times como Corinthians ou Palmeiras.
Vegetti pode ser convocado para a seleção argentina em 2026?
É improvável. A Argentina tem um elenco profundo de atacantes jovens e em alta, como Julián Álvarez e Lautaro Martínez. Vegetti, aos 36, não está no radar da seleção principal. Mas seu desempenho no Brasil pode abrir portas para uma convocação na seleção da América do Sul, em jogos amistosos ou torneios regionais — algo que já aconteceu com outros veteranos como Carlos Tevez.
O Vasco pode brigar por título com esse elenco?
Não é realista. O Vasco está em 8º lugar, com 43 pontos, e precisa de pelo menos 60 para brigar pelo título. Mas o objetivo realista é a vaga na Libertadores — e com 13 jogos restantes, ainda há chance. Vegetti é a peça-chave para isso. Se ele continuar marcando em média um gol a cada dois jogos, o Vasco pode terminar entre os seis primeiros — e isso já seria um sucesso.